terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Abra seus braços para me refugiar

Peguei-me pensando em algumas coisas hoje. Coisas demais até. Férias são para descansar, e não para se preocupar. Mas estou preocupada. Ano que vem será meu último ano no colegial, o último de ano de segurança e irresponsabilidade. Depois, a realidade irá me atropelar, e não sei se estarei pronta para ela.
                Como posso decidir o que quero para a minha vida em apenas um ano, em apenas meses? Para nós, adolescentes, é demais. Estamos acostumados com decisões que não dão certo. Aquele vestido talvez não tenha ficado tão bom como você imaginou, ou aquele cara não era o que você esperava. Mas essas são decisões fáceis de voltar atrás, fáceis de consertar. Mas e se de repente você decide que quer fazer Jornalismo e então tem suas primeiras aulas e não era bem isso que queria. E agora quer fazer Fisioterapia. Como você pode mudar isso facilmente?
                Decidir sua vida em um ano é muita coisa. Mas isso não é tão assustador. Eu sei que perderei amizades. Todos nos formaremos e sairemos em busca dos nossos sonhos, sejam eles quais forem, e eventualmente, o contato vai sumindo. Não é incrível o quanto deixamos para trás pessoas que sabem tanto sobre nós? Deixaremos nossos amigos de bagunça, aqueles que participavam das guerras de buchinhas de papel, aqueles que eram anjos e nos emprestavam a matéria que deixamos de copiar, tanto por ter matado aula no pátio como por ter pegado no sono, ou mesmo aqueles com quem compartilhamos tantas coisas (como moletons) e sentimentos. O colegial acaba, e muitas vezes, “nós” acabamos com ele.
                Isso me abala, e muito. Adoraria poder dizer que isso jamais vai acontecer comigo, ou com meus colegas e amigos. Mas estarei mentindo para mim mesma. O fato é que aquela famosa frase “você só sabe dar valor a algo quando o perde” é a pura verdade. Reclamamos de ter de acordar cedo, seja no calor ou no frio congelante, reclamamos por termos que copiar, entender e estudar muito para as provas. Mas acredite, vamos sentir falta dessa irresponsabilidade. Porque sim, é irresponsável. Apenas comparecer na aula e estudar por obrigação é irresponsabilidade. E ninguém gosta de aula. Gostamos é de ir para a escola.
                E sentirei tanta falta disso quando tiver de pagar minhas contas sozinha, quando tiver que acordar cedo para trabalhar (e não ter nem a mínima possibilidade de dormir durante aquela tarefa que odeio fazer), quando apenas quiser fazer bagunça e isso simplesmente não for mais apropriado para a minha idade. Ah sim, com certeza ficarei com saudade. Mas encontrarei refúgio nas lembranças, em cada momento bem aproveitado (ou não), em casa história que contarei um dia aos meus filhos.
                A perspectiva de tantas perdas quando apenas deveria estar feliz por me formar me assusta. É engraçado, que para ganharmos alguma coisa, perdemos outras. Por isso, já elaborei minha meta para 2011: transformar esse ano em uma época da qual sempre vou me lembrar sorrindo, e quando isso acontecer, vou pegar o telefone e ligar para os meus amigos do tempo da escola, nem que seja para perguntar se está tudo bem. Porque eu simplesmente não gostaria que eles se esquecessem de mim.
                E não importa onde e quando, eles serão meu refúgio.

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