quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

half of my heart

Aqueles olhos castanhos envoltos por cílios longos e espessos transpareciam desejo, mas não parecia certo. Eles conversavam sobre coisas banais, sem importância. Havia tanto para dizer, mas nenhum dos dois mencionava qualquer coisa. Sob um mar de escuridão pontilhado por brilhantes estrelas, eles estavam sentados, mais próximos do que estiveram em muito tempo. Ela queria a confiança dele de volta, pelo menos um pouco do seu amor e daqueles bons momentos. Ele queria se livrar da mágoa, ver nela a mesma garota que um dia viu e talvez deixar o orgulho de lado.
                Tornavam coisas simples infinitamente complicadas. Em alguns momentos se abraçaram, e mesmo que ela lutasse contra seus braços gelados e molhados, secretamente amou aquilo. Na hora de se despedirem ela tentou e ele resistiu. Mais uma noite se passou. Os olhos claros dela encontraram a chão, cansada. Mas ela não desistiria, um dia, quem sabe.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ela teve seu final feliz. Sentiu o gosto dele, teve-o para si por algumas horas, pode observá-lo sem medo de ser pega fazendo isso, pode inalar seu perfume sem pudor. Sem promessas, sem juras, sem pedidos e com pontos esclarecidos ela agora consegue ter um pouco de paz. Mas por quanto tempo? Conseguirá deixar de lado? Ela não sabe. O medo ainda anda de mãos dadas com ela. O amor também.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Cordões de Ouro

Laços de família são como cordões de ouro: preciosos, lindos e frágeis. Tão frágeis que simples palavras, atitudes e gestos vão corroendo, tirando o brilho, danificando essa jóia. E me pergunto por que há tanta fragilidade em algo que deveria ser tão forte, e acredito que a fraqueza esteja na convivência diária. Família da gente é quase como um casamento, mas daquele tipo que não há separação, que é pra sempre. E como todo casamento, as pessoas se conhecem bem, até demais. Manias, modos, defeitos e qualidades, você sempre sabe tudo a respeito daqueles que moram com você, daqueles que levam o mesmo sobrenome que o seu. E por haver tanto conhecimento uns dos outros é que as brigas acontecem. Eu às vezes acho que é pra sair da rotina. Ou seja, só meu caso. O fato é que às vezes essas briguinhas vão machucando o ouro, vão arranhando, e sem percebermos, certos arranhões vão ficando mais profundos, gravados. E é aí que começa o problema. Amamos nossos cordões de ouro, e quando percebemos que eles estão desgastando, pensamos logo em levá-los para consertar não é? Mas tem gente que deixa de lado, que acha que o cordão é suficientemente forte e pode aguentar mais. E esse às vezes é o erro. Às vezes por orgulho podemos perder as coisas que dão sentido a nossa vida, palavras ferinas ditas num momento de raiva podem destruir uma relação que veio desde quando sua mãe olhou para você, todo melecado e chorando assim que saiu dela, que começou quando seu pai olhou você na maternidade e sorriu. Se você visse seu cordão danificado, o que você faria?

sábado, 8 de janeiro de 2011

A desilusão com um amigo pode doer tanto quanto uma desilusão amorosa. Pensando bem, a amizade é mesmo uma forma de amor. A intensidade de uma amizade pode ser desgastante. Como se amizade demais pudesse gastar. O fato é que nossas vidas mudam e com ela muitas vezes nossos interesses também mudam. Não digo o interesse pelas pessoas, mas o interesse por coisas e experiências novas. Quem já não viveu isso? Um novo trabalho, uma nova escola, um novo bairro para morar e com eles novos amigos. O que não muda é a angústia da perda. Do vazio, da ausência e da sensação desconfortável de uma ingratidão. Mas o que devemos aos amigos? Que compromisso temos com eles apenas por amizade? O que pode ser uma traição entre amigos? Como superar um repentino e casual encontro com o perfeito-estranho-conhecido? O mesmo com quem até pouco tempo atrás compartilhávamos nossos segredos, intimidades e fraquezas. Como encarar o fato de que alguém em quem não confiamos mais sabe tanto a nosso respeito? Onde fica o limite entre amizade e amor?
Thedy Correa.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

"Pense bem nisto Sheireen, e poderá entender que há muito mais homens dispostos a morrer pelo ódio do que pelo amor. É por isso que o ódio é eterno e o amor é efêmero."


Crônicas do Mundo Emerso

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ano novo, de novo.

Voltei para casa hoje depois de uns dias na praia com meus amigos. E essa manhã, enquanto amanhecia eu estava sentada na beira da praia, com o intuito de ver o sol nascer. Estávamos animados para ver esse espetáculo da natureza, o mais belo e gratuito que existe. Mas descobrimos que o tempo estava nublado demais para vermos o sol. E foi frustrante.
Você nunca quis tanto uma coisa que quando chegou lá, infelizmente não conseguiu obter? Era nosso último dia de praia, havíamos planejado aquele momento, e ele não ocorreu como queríamos. Restou-nos voltar para casa com alguns raios alaranjados na mente, e só.
E ali, sentada enquanto esperava o sol nascer, comecei a elaborar meu ano, minha vida. E também dei um tempo para lembrar o ano que passou, das coisas boas e ruins, de como o ano começou de um jeito e terminou de outro totalmente inesperado.
Como tudo muda rápido, me peguei pensando. Idealizamos coisas que hoje já não fazem mais sentido algum, queríamos coisas que hoje não serviriam para mais nada. E o que muda? Nossas idéias, nossa mente, as pessoas a nossa volta, o mundo? Não, nós mudamos. O tempo todo. Sem parar. É a ordem.
Evoluir é necessário, é a natureza. Os fortes ficam, os fracos caem. O que define alguém forte não é sua massa muscular ou o quanto pode correr sem parar, o que define alguém forte é sua mente, sua capacidade de se adaptar a novas coisas, novos sistemas. Esses são os fortes que ficam. E você, é forte ou fraco? É justo julgar as pessoas assim?
Tanta coisa pra pensar em apenas dois dias desse ano novo, de novo. Mas é assim, ano novo é para isso, para evoluirmos (de mente). E o que você vai fazer para evoluir esse ano? Posso dar uma dica: vá ver o nascer do sol. Parece tão simples. Mas essa é a chave. Acredite. Hoje pela manhã percebi o quanto esses momentos fazem diferença. É isso que vai contar na hora de você ser alguém. Não é o seu dinheiro, sua casa, os amigos que você tem, o que você come ou veste, apesar de que, querendo ou não, isso hoje faz diferença para muita gente.
Abra sua mente, experimente coisas novas, e quem sabe, você será o “forte” de amanhã. Acredite em si mesmo e jamais desista daquilo que busca. Meu dia não amanheceu como eu quis, mas e quem disse que eu fiquei abalada? Não, haverão mais dias como esse, melhores, com um sol brilhante para me dar bom dia. Um amanhecer pode mudar toda a sua vida.