terça-feira, 29 de março de 2011

Calling all angels

 - Alô, quem é?
 - Aqui é um anjo do Senhor.
 - Oi seu anjo, eu quero fazer uma pergunta.
 - Qual a sua dúvida filha?
 - Queria saber se existe um céu para os cachorros da gente que morrem.
 - Por que você queria saber disso?
 - Minha cachorrinha morreu, e ela não merecia. Ela era tão cheia de vida, tão linda, tão agitada. Queria saber se ela está descansando em paz.
 - Você a amava, com todo o seu coração?
 - Sim anjo, eu a amava, muito.
 - Então existe um céu para ela, sim.
 - Por que só existe um céu para ela porque eu a amei?
 - Porque se você a amou tanto como disse que amou, não tenho dúvidas de que ela se sentiu muito feliz por ter tido você como dona, e está feliz, acompanhando você.
 - Isso é verdade ou é truque de anjo?
 - No que você acredita?
 - Que existe algo bom para ela além daqui.
 - Então é isso que importa minha filha.
 - Ela está bem?
 - Tenho certeza que sim.
 - Ainda não estou convencida.
 - Não posso convencê-la disto, mas acredite que ela estará sempre com você, te acompanhando do céu dos cachorros.
 - Se eu sentir falta dela, posso ligar de novo?
 - Claro, esperarei a sua ligação.
 - Obrigada anjo, adeus.

  Desliguei o telefone e dormi, entre lágrimas, esperando que ela estivesse mesmo ali.

sábado, 26 de março de 2011

O amor que o mundo precisa

                Sempre fui do tipo que ama os animais. Isso por vezes me levou a pensar em seguir para uma faculdade de veterinária, mas descobri que sangue e dores não me atraem nem um pouco. Mas obviamente isso não mudou o amor que eu tenho.
                Cachorros então, minha verdadeira paixão. Se quiser me conquistar, é só dizer que ama cachorros, que faria tudo por eles. Tenho três, e os amo tanto que existem pessoas que fazem pouco caso disso, me consideram insana por ser infinitamente apaixonada por um bicho. Mas agora me responda você: não é mais fácil amar um “bicho” que é a única coisa na terra que te ama mais do que a ele mesmo?
                Cachorros não precisam de grandes coisas para serem felizes. Contentam-se em sentar debaixo de uma árvore e receber um afago na cabeça, em rolar na grama, em roer um osso velho. Eles não necessitam de grandes demonstrações de amor para nos fazer sentir o quanto nos amam. Cães serão os mais fiéis que caminharão com você. Não farão fofocas de sua pessoa, não vão ficar com a pessoa que você ama, muito menos irão deixar você na mão. Diga-me, são ou não são os únicos que nunca lhe virarão as costas?
                Na sexta, não fui à aula nem fui trabalhar, porque minha cachorrinha, uma vira-lata metida à brava contraiu uma virose. Quando a levei no veterinário, ele deu o diagnóstico, e afirmou que ela tinha cinqüenta por cento de chance de se recuperar, disse o quanto eu gastaria para mantê-la sob cuidados, me olhou e perguntou: você vai arriscar? O que eu respondi? “Vou apostar minha vida nesses cinqüenta por cento, ela nunca me deu as costas, e eu não farei isso com ela.” Ótimo, disse ele, despeça-se dela. Ela estava muito debilitada, simplesmente, entre lágrimas, afaguei sua cabeça e disse: “eu queria saber salvar uma vida, mas não preciso salvar você, afinal, você voltará viva e feliz para mim.” Apertei a mão do veterinário e saí do consultório soluçando feito uma criança. Tudo bem, ria. Mas lhe asseguro, se rir, você não tem alma.
                E não estou sendo dramática quando digo que meus cachorros são tudo que eu tenho. John Grogan, autor de Marley & Eu, escreveu: “(...) Um cão não julga os outros pela cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não (...)” Eles estarão ao meu lado se um dia eu for para debaixo da ponte, eles voltarão abanando os rabinhos mesmo que num momento de raiva eu os tenha xingado, eles me arranharão e correrão de volta com um simples assovio, eles pularão contentes e pensarão, “puxa, tenho muita sorte de ter este dono”, apesar de todos os nossos defeitos.
                Minha cachorrinha deve voltar na segunda-feira, feliz e saudável, e honestamente, estou colocando toda a minha fé nisso, pois a amo, a vi nascer e a quero comigo por longos anos. Cachorros não promovem guerras, não atiram uns nos outros, não são corruptos nem ladrões, eles são tão puros que um anjo perto deles pode parecer sujo. E de tanto chorar, de tanto amar esses animais, posso dizer, com toda a minha certeza, que de todas as obras de Deus, os cães são sem dúvidas as mais confiáveis, simples e amáveis criaturas criadas. E de todo o coração, espero que você compartilhe a mesma opinião, afinal, o que seria de nós sem nossos fiéis companheiros?

quinta-feira, 3 de março de 2011

Estou bem, sério.

As pessoas nos machucam. Todas elas. É incrível o poder que elas têm de nos fazer sofrer e depois sumir. Você lamenta, se entrega a dor e depois, como tudo, passa. Mas você não vai ficar bancando o imbecíl e vai criar barreiras contra todos. Você vai aprender a conviver com o medo. Um medo diferente. Um medo que não é físico nem material, um medo que habita dentro de nós, e está ali, por vezes esquecido nas profundezas dos nossos sentimentos, mas jamais nos deixa.
                E quem pode nos culpar por isso? Quem poderá dizer que estamos errados em nos proteger, uma vez que já sofremos muito por coisas que hoje já não fazem o menor sentido, mas que não deixam de nos atormentar?
                Mas então, estava bom demais para ser verdade. E as pessoas voltam. E voltam sorridentes, mais bonitas, mais amáveis. E você cai. Não literalmente, figurativamente falando. Perde o chão seguro sob seus pés. Metades das barreiras que você construiu facilmente desmoronam, como se fossem feitas de cartas. Mas isso não significa que você vai voltar correndo e abrirá seu coração. E bom isso acontece comigo.
                Não sou muito normal, eu acho. Eu simplesmente me fecho diante de novas experiências. Não consigo mais. E não me culpem, não me julguem. Não é algo de que eu me orgulhe, afinal, todo mundo gosta de brincar de amor. Mas eu cansei disso e estou farta de amor. E não estou brincando ao dizer isso. Amor aquele que as pessoas dizem sentir umas pelas outras de modo sujo. Conhecem-se há um dia e já rolam “eu te amo” para todos os lados, é de dar enjôo.
                Enfim, sinto-me despreparada para novos relacionamentos. Uns dizem que ainda estou machucada. Talvez. Outros dizem que é só encontrar alguém que faça a velha chama acender. Talvez. Mas eu ainda acredito que o que está faltando é amor, amor de verdade. E não só aquele amor de namorados. Aquele amor de família, de amigos, aquele amor entre você e seu cachorro.
                E honestamente, antes de amar de novo, preciso me voltar para aqueles que sempre estiveram do meu lado, mesmo que sejam meus cachorros. Porque em minha opinião, amar alguém completa sua vida, e no momento, estou bem assim.